Isso é Brasil, e ainda querem ser sede de Olimpíada.
Por: Globo esporte
Candidato a sede das Olimpíadas de 2016 e cenário de dois ginásios de nível internacional, o Rio de Janeiro parece pequeno demais para o maior time de basquete do país. Quando os playoffs do NBB chegaram, a diretoria do Flamengo embarcou na busca desesperada por um teto. A cidade, que há dois anos cogitava receber até partidas da NBA, na Arena da Barra ou no Maracanãzinho, hoje mal consegue encontrar um palco viável para jogos domésticos.
O Flamengo manda seus jogos no Tijuca, que só tem uma pequena saída para a torcida (na foto, ao fundo)
Os motivos são variados: aluguéis caros demais, agenda cheia para eventos não-esportivos, distância do Centro, aros prestes a cair, pregos no chão. O fato é que conseguir uma quadra de bom nível para jogar no Rio tem se tornado uma missão quase impossível.
– Chegamos ao ponto de correr o risco de não ter ginásio. Nós teríamos de disputar as semifinais e as finais, caso a equipe avance, fora do Rio, o que seria um desconforto para os torcedores que acompanham o time. Imagina termos que jogar em Minas ou Brasília – desabafa João Henrique Areias, vice-diretor de Esportes Olímpicos do Fla.
A equipe vai jogar no ginásio do Tijuca as partidas das semifinais contra Joinville (a série começa nesta terça). Caso avance, fará a decisão na Arena da Barra, conseguida após uma longa negociação. Abaixo, confira os pontos positivos e negativos dos ginásios de basquete no Rio de Janeiro.
Tijuca Tênis Clube
Desde o início do mata-mata do NBB, o Flamengo tem mandado suas partidas no ginásio do Tijuca, clube quase centenário da Zona Norte carioca. O Rubro-Negro não paga aluguel para disputar as partidas ali e arca apenas com os gastos de segurança. Com capacidade para 5 mil pessoas, o ginásio caiu no gosto dos atletas, pelo clima de “caldeirão” que proporciona, aumentando a pressão sobre os rivais.
Os problemas, no entanto, não são poucos. A começar pela entrada e saída dos torcedores. Há apenas uma via de acesso para a rua, de tamanho pequeno, o que cria um grande risco em caso de tumulto. As condições da quadra também não são das melhores. A pintura é descascada, o placar eletrônico tem o nome dos times escritos de forma improvisada, e o aro corre o risco de entortar a cada enterrada. No jogo 3 contra o Pinheiros, na última semana, o funcionário que seca a quadra foi acionado quatro vezes. Com seu rodo, desentortava o aro após as cravadas.
Arena da Barra
É lá que o Flamengo vai mandar seus jogos da final, caso avance para a próxima fase. Com capacidade para quase 15 mil torcedores, a Arena foi construída para os Jogos Pan-Americanos de 2007. A impressionante estrutura e as duas quadras de treino em anexo fizeram da instalação candidata a receber um amistoso da NBA. Após o Pan e o Mundial de Judô, também em 2007, o esporte passou longe dali.
Administrada pela francesa GL Events, a Arena cobra até R$ 150 mil de aluguel, mas firmou uma parceria com o Flamengo, que não vai precisar desembolsar nada caso vá à final. Em compensação, o clube não receberá o dinheiro da venda de ingressos, que ficará com a Arena. Ainda assim, Areias pretende fazer do ginásio a casa do Rubro-Negro em 2010.
Maracanãzinho
Durante a primeira fase do NBB, o Flamengo mandou alguns jogos no ginásio reformado para o Pan-Americano de 2007. Assim como a Arena, o Maracanãzinho é uma opção de ótimo nível, mas a agenda passa a ser um problema. A instalação teve de ser descartada pelo clube porque já havia compromissos marcados para o período das semifinais e finais do campeonato.
A assessoria do Maracanãzinho informa que a casa, com capacidade para quase 12 mil torcedores, é reservada com 80 dias de antecedência. O aluguel para um evento custa R$ 100 mil, além das taxas. Em casos de disputas esportivas como os jogos do Flamengo, o governo do estado pode liberar o pagamento de algumas taxas.
Algodão
O ginásio do Centro Esportivo Miécimo da Silva, em Campo Grande, pode abrigar quase 4 mil torcedores. Marcelinho, que hoje busca um teto com o Flamengo, já disputou nesta instalação uma final de Nacional. Foi em 2005, quando seu Rio de Janeiro bateu o Uberlândia e se sagrou campeão. A alegação para que não se joguem partidas do NBB no Algodão é a distância: a arena da Zona Oeste fica longe da zona central da cidade.
Administrado pela Prefeitura do Rio, o ginásio tem ainda problemas estruturais: o placar não tem condições de uso, e a iluminação funciona com apenas 70% de sua capacidade. Além disso, o local já estava reservado, entre os dias 14 e 17 de maio, para a Copa Sul/Sudeste de Tênis de Mesa. Apesar dos problemas, a administração do Centro Esportivo informa que tem interesse em receber o Rubro-Negro no futuro.
Gávea, Botafogo e Laranjeiras
Os ginásios dos clubes de futebol do Rio também não têm condições de receber uma partida de playoffs. Em nenhum momento foi cogitado o uso da Gávea, que tem uma arquibancada muito pequena, mesmo problema do ginásio do Fluminense, nas Laranjeiras, que abriga apenas poucas dezenas de torcedores. O Botafogo, que tem uma arquibancada maior, sofreu com problemas estruturais no ano passado, quando recebeu treinos da seleção. Integrantes da comissão técnica chegaram a usar um martelo para afundar pregos soltos no meio da quadra.
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